Palavra contra mim

                Muita coisa me faz pensar. Quem me conhece sabe que minha mente não pára. E também sabe que sou um leitor incorrigível. E minha gutembergomania continua sem cura. Sim, tenho vício pela palavra escrita. Tudo o que eu vejo eu preciso ler! Se eu lembro de tudo que leio? É óbvio que não. Até porque a composição do creme dental agora é escrita em inglês. Pelo bem do meu cérebro eu não gravo isso. Mas preciso ler.   
                Acontece que muita coisa eu gravo. Grande parte do que eu leio buscando ‘estudar’ ou acrescentar em conhecimento eu costumo sim, gravar. Não sei ainda quais os benefícios de tal mania e nem de tanta sede por conhecer, saber, estudar, ler. Sou um curioso inveterado. Um amante das histórias, dos causos, dos pormenores da vida. Se você precisa contar uma história interessante pra alguém e não tem platéia, me liga! Dou um dedo por uma boa conversa. E não é pra depois sair falando não. Gosto de simplesmente participar. Saber das coisas. O que mais me agonia é quando eu não sei de algo. Não pelo fato de ter que saber mais que outros, mas pelo simples fato de que eu gosto de saber.              
                Dizem que quanto mais estudamos, mais céticos ficamos. Eu não sei se isso é verdade, até porque toda teoria, pra ser confirmada, precisa de exceções. No meu caso, funciona. Sem dizer que não acredito em nada, longe disso. Quanto mais eu estudo, quanto mais fundo eu vou no meu conhecimento, quanto mais coisas eu aprendo, mais desanimado eu fico com o mundo ao redor. Não consigo entender como ainda tem gente que aceita as coisas sem nem mesmo pensar em questionar. É impossível pra mim imaginar que alguém vai falar e eu não vou nem maquinar com meus botões se aquilo é verdadeiro, falso ou fruto de ignorância de quem está falando. Pra mim é impossível. Mas esse sou eu. E, por favor, não me julgue. Pode ter certeza de que a pessoa que mais cobra atitudes de minha parte é eu mesmo.   
                O tempo todo, todo o tempo, eu penso, penso e penso. E não me envergonho disso. Ao menos eu não deveria. Apesar de ter sido ensinado que pensar é pecado, que temos que aceitar e nos submeter, eu penso. Mas, espera. Eu posso estar certo! Poxa, isso também pode acontecer! E, creia, não há nada errado em estar certo. É até gostoso. O fato é que todos os dias eu luto contra mim. E o que me assusta é que eu nunca sei se estou vencendo.



Hector.

0 comentários:

Postar um comentário